terça-feira, 1 de novembro de 2016

30 De Outubro de 1938. The War of the Worlds!


30 de Outubro de 1938, Vespéra de Halloween, parecia uma noite normal, até que a rede de rádio CBS (Columbia Broadcasting System) interrompeu sua programação musical para noticiar uma suposta invasão de marcianos. A "notícia em edição extraordinária", na verdade, era o começo de uma peça de radioteatro, que não só ajudou a CBS a bater a emissora concorrente (NBC), como também desencadeou pânico em várias cidades norte-americanas. "A invasão dos marcianos" durou apenas uma hora, mas marcou definitivamente a história do rádio.

Dramatizando o livro de ficção científica A Guerra dos Mundos, do escritor inglês Herbert George Wells, o programa relatou a chegada de centenas de marcianos a bordo de naves extraterrestres à cidade de Grover's Mill, no estado de Nova Jersey. Os méritos da genial adaptação, produção e direção da peça eram do então jovem e quase desconhecido ator e diretor de cinema norte-americano Orson Welles. O jornal Daily News resumiu na manchete do dia seguinte a reação ao programa: "Guerra falsa no rádio espalha terror pelos Estados Unidos".

Na verdade, não havia motivo para que o público pensasse que a transmissão tinha qualquer conexão com a realidade. Os jornais daquele domingo apontavam que às 20:00 horas
a CBS apresentaria uma peça: Guerra dos Mundos. O Mercury Theater on the Air havia estreado em julho daquele ano e Orson Welles já era um nome conhecido do teatro, com suas inovações como uma versão de Júlio César em cenário moderno. Nas semanas anteriores, o programa já havia apresentado adaptações de Drácula, A Ilha do Tesouro e A Volta ao Mundo em 80 Dias.

Para a noite de 30 de outubro, depois de descartar O Mundo Perdido, de Arthur Conan Doyle, o Mercury Theater preparou a adaptação de Guerra dos Mundos, de H. G. Wells, atualizando a história para o presente e alterando o formato para o de noticiário. Para envolver ainda mais os ouvintes, John Houseman e o roteirista Howard Koch transportaram a história da Inglaterra para os Estados Unidos, utilizando a região em torno de Nova York como cenário. Foi Koch quem comprou um mapa, fechou os olhos e bateu com o lápis num ponto qualquer para escolher o local do desembarque das naves alienígenas, transformando Grover's Mill em cabeça de ponte da invasão.


No início da apresentação, a CBS anunciou tratar-se de uma adaptação de da obra de H.G. Wells. O problema, é que nem todos estavam ouvindo.

Às 20:00 horas de 30 de outubro, alguns programas das sete horas ainda não haviam acabado, o que fez muitos ouvintes perderem o aviso. Além disso, o campeão de audiência no rádio da época era outro, o Chasen and Saborn Hour, transmitido no mesmo horário do Mercury Theater. Depois de onze minutos, no entanto, quando um cantor substituía o apresentador, os ouvintes trocavam de estação para ouvir um pouco dos outros programas. As estimativas dizem que entre um e dois milhões de ouvintes zapeavam seus rádios naquela noite. Os que chegaram à CBS encontraram Guerra dos Mundos a pleno vapor, com a música da Ramon Raquelo Orchestra, transmitida direto do Meridiam Room do Park Plaza Hotel em Nova York interrompida abruptamente pela notícia da queda de um meteoro e a entrevista com um astrônomo da Universidade de Princeton sobre estranhas explosões na superfície de Marte. Poucos notaram que o famoso professor Richard Pierson, de quem ninguém poderia ter ouvido falar, pois não existia, tinha a voz de Orson Welles. Já a música era tocada pela orquestra da rádio sob a regência de Bernard Herrman, futuro autor da trilha sonora de Psicose.

A transmissão continuava interrompendo a programação normal de forma crescente até que o repórter Carl Phillips passava a transmitir em tempo integral de Grover's Mill, onde descobriu-se que o meteoro era um cilindro de metal. A tensão foi construída cuidadosamente, utilizando entrevistas com autoridades e uma nervosa descrição do monstro saindo do cilindro, que o ator Frank Readick baseou na famosa transmissão do incêndio do dirigível Hindenburg. O primeiro confronto terminou com 40 mortos. No segundo ataque, 7 mil homens do exército, armados com rifles e metralhadoras, foram aniquilados com raios de calor. Novos cilindros foram localizados. Os marcianos prosseguiram para Manhattan, destruindo e matando com gás venenoso, enquanto a Inglaterra, França e Alemanha ofereciam ajuda. A situação era desesperadora.

A CBS calculou, na época, que o programa foi ouvido por cerca de seis milhões de pessoas, das quais metade o sintonizou quando já havia começado, perdendo a introdução que informava tratar-se do radioteatro semanal. Pelo menos 1,2 milhão de pessoas acreditou ser um fato real. Dessas, meio milhão teve certeza de que o perigo era iminente, entrando em pânico, sobrecarregando linhas telefônicas, com aglomerações nas ruas e congestionamentos causados por ouvintes apavorados tentando fugir do perigo.

O medo paralisou três cidades e houve pânico principalmente em localidades próximas a Nova Jersey, de onde a CBS emitia e onde Welles ambientou sua história. Houve fuga em massa e reações desesperadas de moradores também em Newark e Nova York. A peça radiofônica, de autoria de Howard Koch, com a colaboração de Paul Stewart e baseada na obra de Wells (1866-1946), ficou conhecida também como "rádio do pânico".

A dramatização, transmitida às vésperas do Halloween (dia das bruxas) em forma de programa jornalístico, tinha todas as características do radiojornalismo da época, às quais os ouvintes estavam acostumados. Reportagens externas, entrevistas com testemunhas que estariam vivenciando o acontecimento, opiniões de peritos e autoridades, efeitos sonoros, sons ambientes, gritos, a emoção dos supostos repórteres e comentaristas. Tudo dava impressão de o fato estar sendo transmitido ao vivo. Era o 17º programa da série semanal de adaptações radiofônicas realizadas no Radioteatro Mercury por Orson Welles.

O Tamanho do Medo.

O roteiro fora reescrito pelo próprio Welles (1915-1985). Na peça, ele fazia o papel de professor da Universidade de Princeton, que liderava a resistência à invasão marciana. Orson Welles combinou elementos específicos do radioteatro com os dos noticiários da época (a realidade convertida em relato). A transmissão de A Guerra dos Mundos foi também um alerta para o próprio meio de comunicação "rádio".

(**) anos depois, é difícil saber o que realmente ocorreu naquela noite e qual o tamanho da reação do público. Permanece a ideia de pânico generalizado, telefonemas desesperados para a polícia, grupos armados saindo pela noite em busca dos marcianos, pessoas cobrindo as janelas com panos úmidos e americanos preferindo o suicídio à morte por gás venenoso, como se todo o país tivesse acreditado estar ouvindo uma descrição real de uma invasão do espaço.

Welles chegou a dizer que a polícia foi ao estúdio, mas nenhum outro participante da transmissão disse ter visto o mesmo. Davidson Taylor, supervisor da CBS, queria que Welles interrompesse a transmissão e tranquilizasse os ouvintes que bloquearam as linhas da rádio. Welles teria recusado, dizendo que o público tinha mesmo é de ficar apavorado. Como Edgar Allan Poe, Welles sabia que o efeito sobre o público seria perdido com um corte que tiraria os ouvintes do mundo de fantasia em que ele os havia envolvido. Um mundo tão digno de crédito que impediu que os ouvintes reconhecessem no som dos foguetes alienígenas que partiam, o prosaico barulho da descarga do banheiro da rádio. Dois avisos de que a transmissão era uma ficção ainda foram dados antes do discurso final em que Welles avisa que aquela é a maneira do Mercury Theater comemorar o Dia das Bruxas, mas o medo, uma vez liberado, tem pouca possibilidade de retornar ao seu esconderijo sem luta.


A polícia da região de Grover's Mill de fato teve uma noite ocupada, relatando que as três linhas telefônicas tocavam ao mesmo tempo com perguntas sobre o meteorito, número de mortos, ataques com gás e convocação de militares. Um casal de Newark contou ter pedido abrigo no porão de um morador antes de ligar para o jornal da cidade e descobrir que tudo não passava de um programa de rádio.

Anos depois, Hadley Cantril, um dos cientistas que analisou o pânico criado pela transmissão, encontrou testemunhas que juravam ter sentido o cheiro do gás venenoso usado pelos aliens ou visto as chamas da batalha do alto de um edifício em Manhattan. Ao ser questionada sobre que parte da transmissão parecia mais realista, uma testemunha respondeu ter sido o trecho sobre as chamas que varriam o país, cena que nem sequer faz parte do roteiro. Outra testemunha disse ter achado que fazia sentido que os marcianos fossem aliados de Hitler em seu plano de dominar o mundo. Na noite do dia 30, no entanto, quando um grupo de estudantes de Princeton foi conferir o tal meteoro, encontrou Grover's Mill tão calma quanto seria de se esperar. O pânico de fato existiu, mas não incluiu assassinatos, partos antecipados ou suicídios individuais ou em grupo e parece ter sido limitado a pequenos grupos dispersos, em sua maioria na região que estava sendo atacada, justamente onde as pessoas poderiam olhar pela janela e ver que não havia soldados passando pela estrada rumo a seu encontro com os marcianos.

A crítica e as piadas sobre os ouvintes que acreditaram no falso noticiário precisam também considerar o cenário em que tudo aconteceu. Em 1938, mais famílias nos Estados Unidos possuíam rádios do que telefones, carros, água encanada, eletricidade ou assinaturas de jornais e revistas, o que fazia do rádio não só a principal fonte de informação como também a mais confiável. Em um país que ainda vivia os efeitos da Grande Depressão de 1929 e onde 25% dos trabalhadores estavam desempregados e num momento em que as notícias da Europa incluíam a anexação da Áustria ao território alemão em março daquele ano e da região dos Sudetos na Tchecoslováquia em setembro, a ideia de uma nova Guerra Mundial e a possibilidade de uma invasão já estavam na mente das pessoas.

Repercussão.

Ainda que menor do que imaginado hoje, o pânico gerado pela transmissão de Guerra dos Mundos estava nos jornais no dia seguinte. A Comissão de Comunicações do governo exigiu uma cópia do programa para análise, e o Senador Clyde L. Herring divulgou à imprensa sua intenção de levar ao Congresso uma lei para regular as transmissões de rádio. A preocupação chegou ao Canadá, onde a transmissão foi ouvida e recebida com o mesmo alarme. Em Londres, H.G. Wells reforçou o coro das reclamações dizendo que não havia dado permissão para alterar sua obra de modo que a história pudesse ser vista como fato e não como ficção.

Notícia do Daily News sobre a
Transmissão de Orson Welles.
Nos meses que se seguiram, Welles e a CBS foram objeto de centenas de ações judiciais em busca de indenização, nenhuma delas bem sucedida. A lenda começou a ser alimentada, algumas vezes com histórias que jamais foram comprovadas. A transmissão de Guerra dos Mundos gerou o programa de Defesa Civil dos Estados Unidos, foi usado por Hitler em um discurso como exemplo da fraqueza dos Estados Unidos e objeto do primeiro estudo acadêmico sobre histeria em massa. O sucesso deu ao Mercury Theater um patrocinador, as sopas Campbell, que trocou o nome do programa para The Campbell Playhouse, assegurou a Welles o contrato com a RKO que o levou a dirigir Cidadão Kane, e a Koch um lugar na Warner, onde ele ganhou o Oscar com o roteiro de Casablanca.

Welles tentou garantir em dois processos ser o único autor da transmissão, mas perdeu devido à quantidade de testemunhas que apontaram que sua participação resumiu-se à interpretação e direção naquela véspera de Halloween.

A ideia do noticiário foi de John Houseman, o roteiro foi escrito por Koch e revisado por Paul Stewart e a assistente de Houseman, Ann Froelich. O tempo, no entanto, aceitou as ordens de Welles, dando-lhe o grosso da fama pela transmissão que permanece como maior exemplo da era de ouro do rádio e do poder da ficção. A invasão dos marcianos não só tornou Orson Welles mundialmente famoso como é, segundo cientistas de comunicação, "o programa que mais marcou a história da mídia no século 20".

Precursor da Ficção Científica Moderna.

1° Edição de Guerras dos Mundos.
Herbert George Wells, por sua vez, foi um dos precursores da literatura de ficção científica. O livro A Guerra dos Mundos, publicado em 1898, era uma de suas obras mais conhecidas, tendo Londres como cenário.

A ação começa nos inícios do século XX, nos arredores de Londres. O narrador e personagem principal, que não é identificado no livro, é convidado para ir ao observatório de Ottershaw, onde observa a primeira de uma série de explosões na superfície de Marte. Mais tarde, aquilo que se pensa ter sido a queda de um meteoro perto da casa do narrador, acaba por ser a queda de um cilindro metálico. O cilindro abre-se, e de lá dentro saem os marcianos, que destroem todos os humanos que se aproximam com o raio da morte.

O narrador foge então com a sua mulher para Leatherhead, mas tem que voltar a casa para devolver a carruagem que tinha pedido emprestado. Nessa altura, repara que os marcianos se locomovem em máquinas com tripés metálicos - os Tripods - passando facilmente pela resistência militar oferecida pelos humanos. Têm além disso uma nova arma que dispara bombas de fumo negro, que matam todos os humanos que entram em contacto com ela. O narrador encontra então um artilheiro em fuga, que lhe diz que caiu outro cilindro, cortando o caminho de regresso à sua mulher. Os dois decidem viajar juntos, mas um ataque dos marcianos acaba por os separar.

A narração passa então para a história da evacuação em massa de Londres, devido à queda de mais cilindros nos seus arredores, contada pelo irmão do narrador, que acaba por conseguir escapar por barco.

Voltando ao narrador, este acaba por ficar encurralado numa casa em ruínas destruída pela queda de um dos cilindros, acompanhado por um cura. Nessa altura ele observa os costumes dos marcianos, constatando que eles usam os humanos como alimento, absorvendo o seu sangue directamente. No entanto, o cura, traumatizado pelos acontecimentos, enlouquece, fazendo com que os marcianos entrem na casa e acabem por o capturar. Finalmente os marcianos abandonam a cratera e o narrador consegue deixar a casa em ruínas. Quando chega a Londres, deserta, repara que as plantas marcianas começam a morrer, assim como os marcianos. Estavam a morrer devido a uma bactéria contra a qual não tinham imunidade. O narrador regressa então a casa, onde para sua surpresa se reúne com a sua mulher.

A história, bastante plausível por sinal, é de que H. G. Wells e seu irmão falavam sobre a impressão que os aborígenes australianos devem ter tido quando viram os ingleses pela primeira vez. Os irmãos ficaram imaginando que é bastante provável que os aborígenes tenham tido um misto de espanto e curiosidade. E então imaginaram que a humanidade teria a mesma sensação se seres de outro planeta aparecessem por aqui.  Essa conversa aconteceu no final do século XIX. Em 1898, H. G. Wells publicou “A Guerra dos Mundos”, romance que abalou a Inglaterra, assustando os leitores com a idéia de uma invasão marciana na então rica Inglaterra vitoriana.

Guerra dos Mundos no Cinema.

No ano do 15° Aniversário da transmissão de Orson Welles, no dia 29 de Agosto de 1953 chegava aos cinemas americanos The War of the Worlds (no Brasil e em Portugal, A Guerra dos Mundos) um filme B estadunidense de ficção científica e terror de 1953, baseado no livro A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells. O elenco principal inclui Gene Barry, Ann Robinson, Charles Gemora, Sir Cedric Hardwicke e Les Tremayne. É a primeira adaptação do livro de H. G. Wells no cinema, após as tentativas frustadas de Cecil B. DeMill em 1925 e Alfred Hitchcock na década de 30. A direção é de Byron Haskin, o roteiro foi escrito por Barré Lyndon.

Ann Robinson como Sylvia Van Buren e Gene Barry interprentado Dr. Clayton Forrester, o casal protagonista de Guerras dos Mundos. Na Versão de 2005 de Guerras dos Mundos, os dois fazem uma ponta no Filme como os Pais de Mary. 
O filme estreou em 10 de outubro de 1953 em Portugal, e em 25 de dezembro no Brasil. Aclamado pela crítica e pelo público, tornou-se um título referência nos quesitos efeitos especiais. Arrecadou $4 milhões em todo o mundo. No seu lançamento o filme trouxe muito pânico as grandes cidades como Berlim, Nova York, São Paulo, Paris e Londres, sendo que previa o apocalipse com invasões de alienígenas.

The War of the Worlds foi indicado a três Oscars: Melhores Efeitos Especiais, Melhor Edição, e Melhor Mixagem de Som. Saiu vencedor em apenas uma categoria, Melhores Efeitos Especiais, e mais tarde foi selecionado para a inclusão no National Film Registry da Biblioteca do Congresso. O filme também ganhou o Prêmio Hugo de Melhor Apresentação Dramática, em 2004 (referente a 1954).

Entrou para o Hall da Fama da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films em 1978 e venceu o Motion Picture Sound Editors 1954 na categoria de Melhor Edição de Som. Os membros da equipe queriam evitar o estereótipo de discos voadores: As máquinas marcianas (designer de Al Nozaki) foram feitas para terem uma aparência sinistra, possuindo raios e flutuando sobre o solo. As três máquinas do filme foram feitas de cobre. Em 1964, as plantas da máquina marciana foram reutilizadas no filme Robinson Crusoe em Marte, também dirigido por Byron Haskin.

Cada máquina de Marte foi coberta com um metal pescoço/braço articulado, que culminou com a cobra - com a cabeça, abrigando um único olho eletrônico que funcionava tanto como um periscópio como uma arma. O olho eletrônico também abrigava o raio de calor de Marte, que pulsava faíscas e vigas vermelhas que disparavam, tudo acompanhado por um campo de força e um barulho estridente. O efeito sonoro da arma foi feito por uma orquestra executando uma partitura escrita, principalmente através do uso de violinos e violoncelos.

As máquinas também disparavam um raio verde pulsante (referido como um feixe esqueleto) das pontas de suas asas, gerando um som característico, também desintegrando os seus objetivos, nomeadamente as pessoas; Está segunda arma substitui a black smoke descrita no romance de Wells. O efeito de som desta arma (martelo batendo em um cabo de alta tensão) foi reutilizado em Star Trek: The Original Series. Outro efeito de som proeminente produzido pela máquina, era um eco sintetizado representando um sonar.

Cada máquina marciana é protegida por um impenetrável campo de força que se assemelha, quando brevemente visível entre as explosões, um frasco claro colocado sobre um manto; ele é cilíndrico e tem um topo hemisférico. Este efeito foi conseguido graças ao uso de pinturas foscas simples em vidro transparente, que foram então fotografadas e combinados com outros efeitos, então foram opticamente impressos em conjunto durante a pós-produção.

Para criar o efeito de desintegração, foram utilizadas 144 pinturas foscas separadas. Os efeitos sonoros dos raios de calor quando queimavam alguém, foram feitas através da mistura de sons de três guitarras elétricas ao contrário. O grito do marciano foi feito a partir do som de uma raspagem de gelo seco somado a um grito de uma mulher ao contrário.


Em 7 de outubro de 1988 estreou a série War of the Worlds, tendo aprovação inicial do público e da crítica. A série foi criada por Greg Strangis, e é uma extensão da história do filme clássico. Ela teve um pequeno sucesso, principalmente na primeira temporada. Foram produzida apenas duas temporadas, tendo se encerrado em 14 de maio de 1990 com 43 episódios gravados.

Lançado em 29 de junho de 2005, essa versão foi dirigida por Steven Spielberg, tendo no elenco o ator Tom Cruise. O filme não é uma continuação do clássico, e sim uma nova adaptação do livro de H. G. Wells. A obra possui também algumas referências a versão de 1953, além de Gene Barry e Ann Robinson fazerem uma ponta. Guerra dos Mundos não obteve o mesmo sucesso do primeiro e nem a mesma recepção. Essa versão teve notas menores e não ganhou nenhum Oscar.

A História Se Repete.

Era de se esperar que a notoriedade de Welles e da versão de 1938 tornariam impossível repetir o efeito com uma nova transmissão de Guerra dos Mundos nos mesmos moldes. Em 12 de novembro de 1944, no entanto, uma transmissão em Santiago, Chile, que incluía um ator interpretando o Ministro do Interior, levou à mobilização de tropas de infantaria. Cinco anos depois, em 12 de fevereiro de 1949, a encenação de "A Guerra dos Mundos" pela rádio Quito, do Equador, terminou com o estúdio da emissora incendiado pela população, que se revoltou ao descobrir que a "invasão marciana" não passava de ficção.

Pelo menos 15 pessoas morreram no incêndio das instalações da emissora (onde também funcionava o jornal El Comercio). A rádio, que era a mais importante do país, ficou dois anos fora do ar.

No Brasil também tivemos a nossa versão Tupiniquim de Guerra dos Mundos em 30 de Outubro de 1971. Sérgio Britto, pseudônimo de José de Jesus Brito, conta que teve a ideia do programa ao ler, numa edição da revista masculina "Ele&Ela" (publicada na década de 70 pela Bloch Editores), a sinopse da radionovela com a qual Orson Welles eletrizou - e apavorou - audiências em 1938 pela rádio CBS.

Os relatos sobre as consequências da transmissão são conflitantes, mas sabe-se com certeza que o comércio do centro histórico de São Luís fechou as portas - as pessoas queriam ir o quanto antes para suas casas a fim de "morrer" ao lado dos familiares. Naquele dia, os motoristas de táxi tiveram trabalho de sobra.

Na memória coletiva da cidade há lembranças de pessoas acendendo velas, pregadores reunindo grupos para a leitura do Evangelho, e personagens proeminentes (como políticos) confessando traições amorosas e pedindo perdão de joelhos às mulheres. Enfim, um pandemônio.

Além disso, uma unidade do Corpo de Bombeiros chegou a ser acionada durante o programa, e um oficial do Exército que participava de um churrasco em Pinheiro, a cerca de 190 km de São Luís, fretou um voo (depois pago pela rádio Difusora) para levá-lo à capital, onde constatou que o relato da Difusora não correspondia à realidade.

Por causa disso, e depois de encerrada a transmissão, uma patrulha do Exército invadiu a rádio e exigiu sua lacração - a emissora ficou fechada por três dias.

Nos casos, os mesmos elementos da transmissão de 1938, a intrusão na realidade com a interrupção da programação com um noticiário, as vozes de autoridades locais conhecidas, o nome de cidades próximas, e a credibilidade do rádio como fonte de informação foram capazes de levar o público a acreditar que suas cidades estavam sendo invadidas e precisavam ser protegidas.

Assim como em 1938, os fatos mostraram que não é preciso criar pânico generalizado. Pequenos grupos de humanos iludidos já são o suficiente para o desastre. E está errado quem pensa que a multiplicidade de fontes e o acesso à informação hoje impediriam uma reprise. Basta ver com que facilidade boatos se alastram pelas redes sociais antes que alguém pense em confirmar a informação.

(**) Postagem Atemporal

Fontes.

WarOf The Worlds, inicio.

Programa de Rádio que causou pânico no Maranhão faz 40 anos.

Adaptação de Guerra dos Mundos no Equador.

A Transmissão de Guerra dos Mundos

Orson Welles e a Guerra dos Mundos.

A Guerra dos Mundos (livro)

A Guerra dos Mundos (filme de 1953)

Guerra dos Mundos (filme de 2005)

H.G.Wells

Resenha de Guerra dos Mundos H.G. Wells.

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